– ‘Tá muito escuro…
A probabilidade de ouvir esta frase quando se apresenta um trabalho em que o fundo dominante é o preto, é tão elevada como um ovo partir-se quando cai ao chão. Tudo bem: o chão estará limpo e o ovo aproveita-se para uma omelete.
A percepção visual é uma coisa tão estranha, como estranha é a forma do nosso cérebro processar a informação, tantas vezes diferente daquilo que julgamos.
Quem diz que “está muito escuro”, com quase toda a certeza, ainda não interiorizou bem a capacidade que a luz e a cor têm para ganhar vida em ambiente adverso. Neste caso, ambiente adverso é um ambiente sem luz e sem cor. Estas têm mais brilho, conquistam mais importância, são mais valiosas quando rompem com a escuridão.
Quando o tema é a magia e a ilusão, o escuro exponencia ainda mais a sua função. Por um lado, direcciona o olhar para o que é mais importante: o truque e a manipulação. Por outro lado, ao reduzir todas as distrações e, por conseguinte, qualquer hipótese de sombra, aumenta a a possibilidade do momento ter o sucesso pretendido, eliminando elementos que poderiam denunciar a ilusão e deitar por água abaixo uma das sensações mais fantásticas de um truque de ilusionismo: o mistério.
Portanto, na próxima vez, podem dizer:
– ‘Tá muito escuro… e ainda bem, porque assim consigo ver melhor.